Por: Iraneth da Cruz
Revisão: Canga Tomás
Armando scoott, o jovem angolano artista plástico que sonha almejar o prémio Leão de Ouro, vai apresentar, de 15 de Dezembro a 5 de Janeiro de 2018, a sua nova exposição com o tema “Coisa de Preto”, na Galeria Hall de Lima Pimentel, em Luanda.
“Tive a ideia de fazer esta exposição em meados de 2015, quando vivi um acto de racismo em Portugal, bem na proximidade do metro de Odivelas. Estava eu a sair da Universidade, super cansado, e, logo que saí da estação do metro para apanhar o meu carro, na estrada, bem na passadeira, pára uma carrinha branca e simplesmente atira-me com ovos podres no rosto. Durante alguns instantes, pensei que fosse algum tipo de brincadeira, dado às festas de Odivelas, mas quando ouvi os senhores dizerem: seu preto, negro, africano, sujo volta para a tua terra, liguei para a polícia a explicar o caso e eles questionam-me: o senhor é branco ou preto!?, mesmo sem perceber o porquê da pergunta, respondi que sou angolano e, de seguida, a polícia desligou a chamada,” contou o artista.
Para além da sua história, Armando Scoott intitulou a sua exposição de “Coisa de Preto” por causa de um jornalista brasileiro, que, recentemente, fazia cobertura nos Estados Unidos da América e no intervalo do jornal estava um carro a buzinar, uma vez que eles estavam num lugar público, foi quando o jornalista, irritado com o buzina da viatura, comentou com o seu parceiro dizendo: eu sei o que é isso: é coisa de preto, disse o jornalista sem saber que estava a ser gravado.
Este vídeo tornou-se viral nas redes sociais e várias pessoas manifestaram-se contra o comentário racista do jornalista, afirmando que negro também é humano e merece todo o respeito quanto qualquer pessoa de outra raça. “O objectivo da exposição é para todos reflectirmos em prol dos inúmeros actos racistas por que os negros têm passado um pouco por todo mundo. Por esse e outros exemplos por que passei e que acredito que muitos também vivem todos os dias, prometi a mim mesmo que iria fazer alguma coisa na luta contra o racismo, daí a exposição Coisa de Preto”, reforçou Armando.