Angola assinala, nesta terça-feira (26), o Dia Nacional do Médico, numa altura em que se multiplicam os desafios dos profissionais da classe, particularmente na questão do combate à Covid-19.
Por: Vissolela Cunha/angop
Entre os grandes desafios destes técnicos figuram a insuficiência de quadros, falta de condições de trabalho, escassez de medicamentos e a inexistência de boa relação entre pacientes e médicos.
Estes são, em concreto, na actualidade, os principais pontos negativos do Sistema Nacional de Saúde Pública, que obstaculizam, consequentemente, o tão propalado atendimento humanizado.
Dados oficiais apontam para a necessidade de cerca de 28 mil médicos, para atingir-se o rácio recomendado pela Organização Mundial da Saúde (um médico para mil habitantes), sendo que o país conta, actualmente, com apenas oito mil.
Os dados indicam ainda que no âmbito dos concursos públicos realizados em 2018 e 2019, pelo Governo angolano, foram enquadrados dois mil e 945 médicos, num total de 26 mil e 90 profissionais de saúde.
A rede sanitária nacional conta hoje com cerca de 100 mil profissionais, para servirem mais de 30 milhões de habitantes.
A propósito da humanização dos serviços de saúde, o director do Hospital Geral dos Cajueiros, Armando João, afirmou à ANGOP que isso engloba o bem servir, sentir a dor do próximo, empatia, disponibilidade dos meios para um melhor atendimento, educação do profissional de saúde e os factores relacionados com o ambiente.
Para o profissional de saúde, o sistema de saúde nacional ainda está longe de ter o verdadeiro sentido de humanização, por causa das várias insuficiências.
Segundo o médico, as reclamações constantes dos utentes derivam, essencialmente, do tempo de espera no primeiro atendimento e depois nos exames.
“Este tempo de espera deriva de uma demanda extremamente grande, de pelo menos 650 pacientes na urgência, e muitas das vezes o corpo clínico para atender essa demanda é insuficiente”, asseverou.
Explicou que face à pandemia da Covid-19, o grande desafio foi capacitar os profissionais de saúde e demais funcionais, incluindo segurança, vigilantes, catalogadores, para que, de forma adequada, abordem, tratem e encaminhem os pacientes com segurança.
“Com a pandemia, os profissionais de saúde estão na linha da frente em um esforço diário para conter a propagação da Covid-19 e para cuidar das pessoas doentes, enquanto colocam a sua própria saúde em risco e, consequentemente, por meio deles proporcionam um melhor serviço à população”, disse.
Aumento da oferta sanitária
Apesar de o país estar mergulhado numa crise financeira desde 2014, agravada pelo surgimento da Covid-19, o Executivo tem, também, centrado a sua atenção na melhoria e aumento da oferta dos serviços sanitários, com a construção e reabilitação de diversas infra-estruturas, bem como a instalação de modernos equipamentos.
Com vista a prestar serviços de qualidade e humanizados, o Executivo ergueu hospitais, postos e centros de saúde em Luanda, Lunda Sul, Bié, Uíge, Moxico, entre outros.
O destaque recai para o Hospital Ngola-Kimbanda, Hospital Dr. Walter Strangway, Hospital Geral e da Maternidade da Lunda Sul, o Centro de Hemodiálise Sol, os hospitais municipais de Maquela do Zombo e do Quimbele, o Centro de Saúde da Quilemba e 8 Centros Ortopédicos de Medicina e Reabilitação Física, de um universo de 11 previstos.
Em curso estão obras de construção e apetrechamento do Hospital Geral de Cabinda, o Hospital Sanatório de Luanda, o Hospital Materno-Infantil da Camama, em Luanda, o Instituto Hematológico Pediátrico de Angola e o Instituto de Medicina Forense, vulgo morgue de Luanda.
O Serviço Nacional de Saúde é constituído por perto de duas mil unidades, das quais se destacam oito hospitais centrais, 32 hospitais provinciais ou gerais, 228 hospitais municipais e centros de saúde e 1.453 postos de saúde.