Infelizmente para os integrantes da classe artística o ano de 2013 não vai deixar saudades, levando consigo actores indispensáveis deste cenário, dentre estes, Tchissika “o menino do Huambo”, Nguabi Montel, Artur Adriano, Beto de Almeida e agora infelizmente o Action Nigga.
Tão logo a sociedade civil Angolana ficou a par do desaparecimento físico de cada um destes artistas, várias foram as homenagens que os mesmos tiveram direito nas redes socias e na media em geral. As músicas deles quase que repentinamente começaram a tocar em todo o sítio, descobrimos obras brilhantes que possuíam outrora desconhecidas e até aqueles que não eram fãs converteram-se. Nada contra estes actos “bonitos” mas será que não é dada a altura de fazer as coisas diferentes? O público angolano, o angolano de forma geral, precisa parar de valorizar as pessoas apenas quando morrem. A hora de valorizar o trabalho dos nossos músicos é esta, enquanto eles podem ver, sentir o calor e carinho que nós como público temos a oferecer. Não podemos esperar até que eles partam para fazer isso. Nada garante-nos que post-mortem as nossas homenagens surtam efeitos.
Existem presumíveis factores indicando que alguns destes músicos faleceram devido a falta de meios para uma assistência médica apropriada. E, ao contrário do que acreditamos, o dever de ajudar o artista não é só e unicamente do Ministério da Cultura ou dos seus colegas de profissão. Nós, o público, podemos fazer muito também. A começar por agir exactamente da mesma forma que o fizemos quando nos apercebemos do falecimento físico de um deles. Isso é, partilhando as suas canções, escrevendo mensagens de apreciação nas redes sociais, comprando os seus CD’s originais e por aí afora.
“Ontem” mesmo, ouvimos que o SeBem estava a correr risco de morte, e de imediato ficamos sentidos. Lamentamos e até já (re)conheciamos o quão bom ele é. Mas não foi há muito tempo que o SeBem apareceu no festival I love Kuduro e a reacção das pessoas a sua apresentação foi das piores, como prova só precisamos ler os comentários do vídeo da sua apresentação no YouTube. O talento dele não teve melhorias durante o momento que ele esteve em coma.
De igual forma, precisamos perder o mau hábito de querer tirar proveito da infelicidade dos outros. ontem, 04 de Dezembro, dezenas de pessoas juntaram-se no calçadão da ilha de Luanda para uma Missa de Acção de Graça em memória dos artistas que se foram e dos que encontram-se doentes. Uma atitude de louvar-se a priori por parte de todos aqueles que organizaram e responderam positivamente a este apelo fazendo-se presentes. Triste porém foi ver pessoas a utilizar este momento “de reflexão” para exibir-se nas redes sociais, como se estivessem numa festa ou num encontro de amigos, ou seja, a nossa obsessão com a “febre do aparecimento” já não permite-nos nem respeitar momentos veneráveis.
Precisamos fazer e agir diferente, encarar este assunto com mais seriedade. Vamos respeitar a vida mais do que a morte. Precisamos reavaliar os nossos valores.