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    Do Beijinho-Beijoca à Cintina

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    Pausado a pensar em todas as brincadeiras falhadas em que meti-me ao longo da minha infância. Lembro-me que quando mais puto, todos os meus amigos, mas todos “memo”, até aquele que eu lhe olhava com desdém, faturavam no Beijinho-Beijoca. Todos! Havia sempre aquele amigo que eu olhava para a cara dele e dizia: Com essa “chipala”, esse não vai à lado nenhum. Na verdade ele não ia a lado nenhum. Vinha sim, uma miudinha e lhe tacava um beijo da “bitoca”. Eu ficava tipo – Xê, você “num” vê bem? – Mas é que eram todos, menos eu!


    Eu até já andava com os dedos todos destrancados para ver se alguém me mandava ir beijar alguém, mas cedo descobri que as que aceitariam que eu as beijasse eram as que fizeram com que até hoje eu usasse óculos, meninas que o meu padrão de beleza estava um pouco acima daquilo que as suas lindas e fofas carinhas poderiam oferecer. Ok, também não era tão mau assim, nenhuma menininha vinha me beijar, então eu ficava aí tipo já só o experiente que não se borrava nesses mambos.


     
    Se beijinho-beijoca eu já travava até cheirar queimado. Nem me perguntei se algum dia brinquei “papá e mamã”! Por favor, não façam isso. Não acho bom partilhar traumas com as outras pessoas.

    Daí, saltei para o “futeco”.
    Se um dia alguém duvidar da minha nacionalidade, eu só lhe direi: “Mô” irmão, “num parla” só muito à-toa, vá buscar uma bola e atire no meu peito.
    Desde miúdo que eu sou um prodígio do futebol angolano (“num” é por mal, mas hoje estou a me gabar mesmo), porém nunca descoberto. Era aí que eu dava o show. Eu era tão podre, mas tão podre a jogar bola, que há muito que eu deveria ser titular indiscutível da selecção angolana de futebol. E ainda sou, diga-se de passagem. Já cheguei a ler livros sobre como jogar futebol; para verem bem a gravidade das coisas. E mais uma vez, todos jogavam bem, menos eu.

    Agora… Há algo que eu não sei se era brincadeira, ou se era outra lenha qualquer.
    O nome? Ir à Cintina!
    A cena consistia basicamente em ir cagar na baixa.
    Cortamos a transmissão para um pequeno intervalo: Caro leitor, avizinham-se cenas muito fortes. Se você só cresceu na cidade, se você é sensível, se você éfrescuroso. Está na hora de fechar a página desse blog e navegar para um outro sítio.

    Voltamos à novela de hoje:
    O “people” que cresceu nessas “bandulas” de Porto-Amboim, Sumbe, Lobito, Benguela, Lubango… Sabe bem do que falo. Nesse exacto momento eles estão a gritar: Ai! “Num” acredito!
    Acredite meu irmão.

    Nós, os “ndengues” daquela época, tínhamos todos um metabolismo muito acelerado e sincronizado. Logo após do almoço… Cintina “time”. A casa-de-banho da casa dos meus avós, por exemplo, estava logo ali. Mas eu e os meus primos (e primas também) dizíamos que na casa-de-banho não “kuyava”. Tinha que ser lá! na Cintina, lá na baixa, lá no cemitério “excretal”, lá, onde todo o excreto faleceria.

    Reuníamo-nos em grupo. Perca de 10 crianças no mínimo. Todos bem empapuçados por causa do pitéu que tinha mais funge do que carne. Era muito funge a se afogar no molho porque na mesa os “kotas” serviam primeiro e quando a panela chegava até aos “caçules”, já lá estavas tu com um nó na garganta e vontade de chorar. Passavas a colher na panela e saía um destravado “iiiiiiiiiiih”.
    Mas lá a gente ia. Tínhamos um conhecimento exacerbado em aritmética. Todo mundo aí delineava o seu perímetro. Essa área é minha. Posição de ataque… E era “créu”!

    Detalhe mais importante nisso tudo: Ninguém levava papel higiênico!
    Era voltar a subir a montanha, bem nús da nossa vida e descer aquela cena com o rabo acoplado à terra. A gente dizia: Agora é só “escurrular”! E não saía nem uma feridinha. Ficava novinho tipo bunda de bebé.

     
    Mas nem sempre a gente tinha vontade de subir obviamente. Então… Olhos de águia!“Mbora” lá procurar por uma pedra que não tenha sido violentada ainda. E com a pedra mesmo a gente limpava o “dispantintam”! Não havia rapaz, não havia rapariga. Era tudo na Cintina! E lá, nas nossas “carmosines”, trocávamos várias ideias. Reclamávamos do tio que limpou toda panela ou do “catumbete” que não saiu bem.
    Depois de apedrejar bem as traseiras, a gente se levantava e “qualê” lá lavar a mão?! Por isso é que eu disse. Fecha a página. Acabávamos a cena e íamos pegar numa fruta qualquer em que você mesmo é que subia na árvore para tirar.

    Hoje em dia, já grandinhos, passam por mim moças que vi a se esfregarem no chão da Cintina para se soltar do “pelendoce” e que já nem cumprimentam. Ser adulto vos trouxe amnesia, só pode!
    Eu passo, e olho, mas que tipo de fezes é que eu tinha na cabeça no lugar dos miolos que me faziam crer que ali era melhor que uma casa-de-banho?

    Mas Vamos “inda” Lá Ser Sinceros… Isso “anssim memo” era brincadeira?

    FELIZ MÊS DAS CRIANÇAS!

     

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